quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Barata e Laura



Desenho: Giulia Gallo


Laura havia passado o final de semana bem. Maria, sua única filha de 4 anos estava com ela. No domingo foram `a praia de tarde, e de volta `a casa, depois de lavar aquele monte de brinquedos sujos de areia, ficaram vendo desenho na televisão.
O Eduardo estava completamente distante depois da última conversa que tiveram e nem mesmo pensou em telefonar para saber ao menos de Maria. Laura também não ligou mas, ficou incomodada. Pensava: “como dormi e acordei com um homem durante 9 anos, e depois ele se quer tem o interesse de saber se a filha está bem?”
Estava ela remoendo estes pensamentos medíocres, porque bem sabia que os sentimentos não são assim… quando abriu o armário da cozinha e deu de cara com uma imensa, mas imensa barata arrebitada com as anteninhas balançando… Bateu a porta do armário exatamente na cara dela, enquanto ecoou um berro meio trêmulo. Saiu da cozinha para o quarto na intenção de avisar `a Maria de que não iriam jantar em casa, mas a coitadinha tinha se assustado com o grito e já estava na porta. Ao ver a mãe perguntou o que aconteceu e depois que ouviu a explicação de Laura, logo se animou: “- vamos lá ver!”
Ao que ouviu como resposta um não, categórico!
Laura entrou com a menina para o quarto e como em um surto, pegou o telefone e ligou para o Eduardo. Pediu que ele aparecesse para as defender!
Fez isso questionando : “Meu Deus, será que existe mulher mais estúpida que eu!”
Eduardo atendeu o telefone sonolento e apenas disse:
“- não. É óbvio que não vou até ai para matar uma barata pra você! Fale com o porteiro!”
Muita coisa passava pela cabeça de Laura ao mesmo tempo:
“…dei a oportunidade imperdível dele dizer um não tão redondo e firme, que fez um eco no telefone.”
“ tudo bem… reconheço que minha atitude é ridícula, mas vou insistir…”
Ela acabou implorando, e como a negativa continuava, gritou ao telefone dizendo que Eduardo não era e nunca havia sido seu amigo...
Óbvio que aquele ataque de Laura, não se deu apenas pela barata, mas aos olhos desconectados de Eduardo, ela estava agindo como uma imbecil.
Laura acabou a noite fazendo ovo mexido no microondas, até porque ela não sairia para jantar de baixo do maior temporal com Maria. Foi dormir pensando que aquela barata continuava viva…
No dia seguinte, uma segunda-feira, deixou a empregada a cargo de procurar a tal pela casa e foi ao super-mercado comprar um daqueles sprays mata-barata.
O episódio a havia marcado de tal forma que durante algum tempo passou a carregar aquilo para todo canto da casa que fosse.
Hoje em dia está menos písica e consegue deixá-lo guardado no armário da área para eventuais necessidades. Já usou duas vezes com sucesso. 

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Oi Lu,
    Esse Eduardo é insensível...mas sob outro ponto de vista, ajudou Laura a encarar e superar um medo, mesmo que armada com ma lata de inseticida.
    Valeu!!!
    Bjs

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  3. Emilio, Emilio... ele não é insensível, talvez um pouco distraído. Bjs

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