sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

o passado me condena

Esse texto e o pequeno publicado no dia 16/12 eu escrevi em outros momentos da minha vida. Faz tempo, e cada um foi de uma situação diferente. Mas, como vejo várias pessoas passando por coisas parecidas, resolvi postá-los.


Ventos e Ventanias

Hoje amanheceu ventando muito. E quando tudo é de vidro, você sabe, pode se quebrar a qualquer instante.
Aqui em casa as vidraças batiam e o vento gritava sem parar. As árvores vergavam de um lado para o outro como se estivessem para cair. Que bom deve ser o ato de ventar….e eu até conheço bem…
Ontem eu não só ventei, mas, joguei raios e trovões inexplicáveis, cuspidos como flechas envenenadas, correndo contra sabe-se lá o que! Talvez em direção a mim mesma…
Têm momentos em que a vida parece toda tão braba que a gente já nem sabe mais a quem se dirigir e acaba sobrando para aquele ali mais próximo, aquele mesmo, que está sempre ao lado, o companheiro!
O fato é que só vemos nos outros o que temos em nós mesmos. Infelizmente, só de vez em quando esse espelho interno reflete. Mas, não importa, não há porque transformar tudo em lamentações.
Às vezes, perdemos o rumo, a trilha, as estribeiras, a bússula, perdemos a nave de sonhos espaciais. Perdemos tudo sem encontrar algo que substitua o buraco negro. Esquecemos, não vemos, não compreendemos, não percebemos, enfim, em um ato final e inconsciente, só pensamos em nós mesmos, esquecendo totalmente quem está ao lado.
E quem vai acalmar o vento ?
Foi então que, deitada na minha cama e acolhida por ela, vi e ouvi o vento e lembrei de mim mesma varrendo tudo. Da falta de ar antes, assim como um vento preso. E depois de ventar bastante, foi que me senti, de repente, à vontade. E revi o que tem de importante na solidão: não podemos tirar de ninguém o direito a ela! Ela também nos é cara.
Em algumas relações  usa-se demais os extremos: ou sozinho ou sufocado. E quando se está sufocado, sobra o sentimento de estar sozinho de si mesmo e acabamos entrando nas ações diárias, tomando espadas que não nos pertencem, rotinas criadas, e mais uma infinidade de coisas que apenas sufocam ainda mais!
Esquecemos muitas vezes do companheirismo. Na luta, sentimos todas as mágoas à tona. Sendo elas verdadeiras ou não, em dado momento elas simplesmente existem e são vividas com toda a sua intensidade.
Em um momento de crise de um casal, quem está de fora percebe logo que alguém está agindo da mesma forma com outro alguém que age também da mesma forma, em uma receita funesta!
E para ser sincera, mesmo depois da minha ventania, ainda há vento preso em mim e eu não quero me acostumar com essa angústia… vejo claramente que preciso continuar comigo mesma de uma forma mais amigável.
Muitas vezes , nos cobramos muito , exigindo tudo, sendo que na vida real, nós sabemos, que só é possível ter um pouco de cada vez.
O melhor é parar para ver: pode ser a hora de mudar, transformar, mexer com as estruturas. Essa é a morte de todo dia!
Hoje o vento está enlouquecido mas, eu só tenho a agradecer. Ele chegou para me deixar imóvel e sozinha. 
E eu pergunto: quantas vezes a gente se dá conta de que o coração precisa passar a  trabalhar de novo, que ele anda adormecido e que só estamos vivendo as próprias vísceras ?


2 comentários:

  1. Muito legal, Lu. Além do ótimo conteudo, voce escreve muito bem. Adorei conhecer e vou passar sempre por aqui.
    Beijos e sucesso!!! Denise

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